::: Este texto é uma conversa via email que tive com um colega de trabalho em uma das empresas que trabalhei em Salvador.
Eu chamaria este texto de "A Bíblia Responde"...
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Grande Pedro,
Tudo bom? Tenho uma dúvida teológica. Serei bem objetivo meu amigo, já que tempo aqui na empresa é algo precioso;
Segue:
Se um filho for criado num ambiente de amor, de paz e de comunhão com Deus ele será sempre bem visto pelos seus pais. Por maior que seja o nosso senso de justiça, por mais justo que sejamos, se um filho nosso errar, mesmo reconhecendo o erro dele, mesmo que saibamos apontar a sua falha, seguramente iremos perdoá-lo (obviamente existem as exceções, mas de forma geral procedemos dessa forma). Isso porque apesar de sermos seres humanos, e portanto passiveis de erros, apesar de às vezes alimentar o coração com sentimentos grosseiros, o amor por nossos filhos é algo muito especial.
Sempre ouvi falar que Deus Pai é Amor. Ele não é o amado, o que ama ou o que vive em função do amor. “Ele é o próprio Amor”. Sendo assim, nunca consegui compreender por que os seus filhos que viviam em Sodoma e Gomorra foram vítimas da sua justiça. Eram pessoas consideradas más, porém eram seus filhos e mesmo assim foram mortos. O que sei é que Ló e sua família foram salvos por serem considerados seres mais puros, porém eram tão filhos do Pai quanto os que morreram.
Perguntas:
1) Que justiça é essa que mata o seu próprio filho?
2) Acredito que a catástrofe de fato aconteceu e infelizmente com várias vítimas. Também não duvido que Ló tenha sido salvo após ter recebido a visita de um anjo enviado por Deus. A pureza do coração de um homem o deixa sem duvida mais próximo do Pai. Mas será que tudo não se passou de uma interpretação errada? Que tenha sido atribuído a Deus um feito que não condiz com o Amor?
3) Se o Pai pode tirar a minha vida em nome da Sua justiça então onde fica o livre arbitre?
Obs.: Espero ter sido claro. Quando conversarmos poderei me explicar melhor, mas acredito que essas palavras são suficientes para você ter uma noção de uma de minhas dúvidas.
Grato pela sua dedicação meu querido,
J. (sua identidade foi preservada)
(Maio de 2009)
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Caro amigo, segue uma breve explicação para dúvida, na verdade, o meu pensamento sobre estas questões.
Eu entendo seu ponto de vista a respeito da sua descrição de "Amor" (sobre o fato de Deus ser Amor), até porque, desde pequeno, todo mundo sempre me passa este mesmo conceito sobre Deus e sobre Seu Amor, e inclusive também, esclarecer outras célebres afirmações, como a que "somos todos filhos de Deus", e acho justo te trazer uma explicação mais coerente e bíblica de tudo isso.
Bem, eu preciso primeiro esclarecer a questão de que "somos filhos de Deus". A princípio esta afirmação é falsa. Acredite, ela não é verdadeira. Para entendermos isso, podemos tanto sermos "bíblicos" (só nos basearmos na Bíblia) ou sermos "lógicos" (usarmos apenas a razão). Biblicamente falando, o homem não é filho de Deus, e sim, apenas mais uma criação de Deus. Observe que, no livro de Gênesis, onde relata a criação de todas as coisas, narra a criação do Céu, da terra, das estrelas, do mar, do homem e da mulher. Não existe aqui a idéia de "parto", ou "nascimento", portanto, não existe a co-relação Pai-Filho aqui. É bem verdade que o homem é a excelência da criação (de todos os seres que Ele criou, somos os únicos com intelecto para raciocinar, decidir, sentir), mas isso não nos dá o direito de pensarmos em sermos mais especiais, filhos dEle. Infelizmente, esta é a verdade. E até no sentido racional, a idéia de Filho não é somente ligada a idéia do Pai, mas também da Mãe. E quem seria?? Com quem Deus teria "coabitado" para nos "gerar"? Então, a idéia de que somos Filhos seus deve ser descreditada. Mas, apesar disso, Deus é Amor. Mas não porque somos seus filhos, mas porque Ele é Amor por ser. E não somente a nós, mas a tudo o que Ele criou. Ele também tem amor às árvores, aos pássaros, ao mar. E assim como a todos estes seres, nós humanos também deveríamos, como "criaturas", venerar o Criador. E assim acontece apenas parcialmente. É aí onde entra a resolução. Pois, Deus fez todas as coisas para adorá-Lo, TUDO mesmo deveria adorá-Lo (como criatura, todos deveriam fazer isso, concorda?). E Davi quando escreve o Salmo 19 diz: "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos". Ou seja, isto significa que a criatura inanimada O-Adora! Agora, o homem, é o único ser que "optou" por fazer diferente disso: alguns adoram e outros não. E isso nos desqualifica como seres.
Então, meu caro, isto, em tese, causou o que chamamos na teologia de "A ira de Deus contra a criação". Pois, desde Adão (após sua queda), o homem passou a um estado de desobediência tal, que é o único de todos os seres que é vítima de suas próprias atitudes (daí nasceu-se o livre-arbítrio). E então, o ser humano tornou-se o lado negativo da criação, levando consigo a responsabilidade hereditária de seus erros e sua desobediência. Adão tinha infinitas opções para fazer, para ser, para ter, mas optou em desobedecer, e assim, a desgraça assolou-se de maneira tal, que a terra passou a ser maldita por isso (acredita-se piamente que, antes do primeiro pecado, não existiam vermes, doenças, fungos, dores, etc.).
Mas, será que tudo está perdido então? É simplesmente assim? Somos malditos e pereceremos para sempre e pronto? A resposta é NÃO. O próprio Deus encarregou-se de propor um arrependimento geral a todos os povos, após tentar de várias formas, como usando seus profetas, seus anjos, e até Ele mesmo "desceu" aqui algumas vezes para nos alertar. Mas, como todas as tentativas foram frustradas, aprouve a Ele a loucura de enviar Seu próprio Filho, como diz a Bíblia, o Seu ÚNICO FILHO (Evang. de João 3:16, o que reforça minha tese), para que "todo aquele que em Cristo crer, não pereça, mas tenha a vida eterna." Pois é, meu caro, foi com o nascimento de JESUS CRISTO que Deus propôs fim ao nosso martírio eterno. Se não fosse por Cristo, seríamos malditas criaturas na terra para sempre, como diz Pedro em I Pedro 1:3.
E o maravilhoso é que, com a vida e morte de Jesus Cristo, o Messias esperado, Deus deu pra gente uma outra grande bênção: Deixarmos de ser Suas criaturas e passarmos a ser Seus Filhos!!! Veja o que o Evangelista João diz em sua epístola (carta):
"Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus." (João 1:21).
O que significa que Cristo comprou nossa filiação em Deus! Ganhamos o crédito de sermos filhos dEle, porém, com as condições impostas no versículo (em destaque):
1. "Se nós o recebermos". Ou seja, se Cristo reinar e viver em nós!
2. "Se crêssemos em Seu nome." Ou seja, se acreditarmos nEle, em Sua vida e em Sua obra.
Partindo então deste princípio, FILHO de Deus é somente os que crêem em Jesus Cristo, os que o seguem, os que o amam, o adoram. E não era isso que havia em Sodoma e Gomorra. Lá existiam apenas as "criaturas" rebeldes de Deus. Se você fizer uma análise do contexto histórico ali, encontrará estas verdades:
Veja o que a Bíblia diz que Sodoma e Gomorra:
Gen. 13:13 "Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor."
Gen. 18:32 "Então disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma dez justos dentro da cidade, pouparei o lugar todo por causa deles."
Isaias 3:9 "O aspecto do semblante dá testemunho contra eles; e, como Sodoma, publicam os seus pecados sem os disfarçar. Ai da sua alma! porque eles fazem mal a si mesmos."
Isaias 23:14 "Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, de sorte que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela como Gomorra." - Este é grave, viu???
Judas 1:7 "assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno."
Ou seja, todo tipo de corrupção havia ali. E não foi por falta de aviso! Deus disse: "...o pecado de Sodoma e Gomorra tem se multiplicado muito." (Gen.18:20).
Portanto, ali não morreram os filhos de Deus, e sim, "criaturas" de Deus (como quaisquer outras).
Quer saber de outra verdade? A Bíblia por vezes chama aos que praticam males como "filhos do diabo" (com justiça, já que todos têm a oportunidade de ser filhos de Deus e optam por desobedecê-Lo). Veja:
I João 3:10 "Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão."
Atos 13:10 (Paulo exortando um mágico enganador) "disse: ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor?"
Ou seja, meu caro, partindo então desta premissa, nem todos são filhos de Deus.... existem sim, os filhos do diabo. Como em Sodoma, Gomorra, Salvador, e qualquer lugar existirá.
Eu apelo para que todos aceitem a Jesus Cristo como único Senhor e Salvador, e possa andar segundo a Sua vontade, para que sejamos, juntos como irmãos, felizes no aguardo de sua vinda para nosso resgate ao paraíso eterno, onde Seus filhos morarão.
Espero com este pequeno relato ter ajudado em suas dúvidas, meu caro, e é claro, me coloco à disposição para posteriores esclarecimentos.
Do seu amigo e colega de trabalho.
Pedro Aragão
(Email trocado em maio de 2009)